O PARTO


Parto
photo: Dr. Milo Luxardo

 


Inconvenientes: A rejeição
Riscos de rejeição pós parto
texto e foto: Paula da Silva

A rejeição do poldro por parte da égua não acontece com frequência, mas quando acontece é um problema muito grave.
As éguas primíparas assim como as que ficaram órfãs muito jovens são as mais problemáticas.

As razões que levam uma égua a rejeitar a sua cria podem ser variadas, assim como o grau de rejeição. Quando uma égua rejeita o seu poldro á maiores probabilidades para que de futuro o repita novamente. Deste modo será aconselhável destiná-la para outras funções que não égua de ventre.

Uma égua primípara poderá sentir-se confusa depois do doloroso processo do parto, não reconhecendo a sua própria criatura. Frequentemente, o problema pode ser resolvido com um pouco de paciência. Se uma pessoa contiver a égua levantando uma canela dianteira e outro ajudante levar o poldro para que a égua o cheire e o lamba, os seus instintos maternais adormecidos, rapidamente acordarão. Deve-se repetir o processo de duas em duas horas, de noite e de dia, durante as primeiras 48 horas de vida do poldro. Normalmente tudo correrá bem nas seguintes horas não havendo mais necessidade da sua ajuda.

É aconselhavel dedicar alguns minutos todos os dias no caso de eguas primíparas, durante o oitavo mês de gravidança, a limpar o úbere e a parte interior das coxas delicatamente com uma esponja humida.
Isto vai habituá-las a serem tocadas sem reagir negativamente quando o poldro nascer. Insistir dolcemente mas com determinação até elas deixarem de reagir negativamente (dessensibilização).

Também acontece às vezes que a égua embora não seja agressiva com o poldro, não lhe permita mamar, talvez por ter dores nos mamilos inchados. A égua jovem só sabe que quando o poldro se aproxima para se alimentar, isso provocar-lhe á dor.
Normalmente, se se limitarem os movimentos da égua com a ajuda de uma pessoa, de modo a permitir que o poldro mame (amarrando a égua ou levantando a pata dianteira), o problema será resolvido passadas algumas horas.
A égua ao descobrir que o poldro desta forma lhe alivia a pressão no úbere ao mamar, não provocando dor, achará a experiência positiva. Assim ficará imobilizada sempre que o poldro se aproxime para mamar.

Normalmente estes problemas podem-se revolver com uma pequena restrição das reacções anormais da égua. Em casos muito graves, porém, pode ser necessário empregar o uso de uma barra que segura a égua, que deve estar amarrada, contra uma parede sólida. A barra deverá estar à altura da ponta do ombro e serve para manter a égua parada enquanto o poldro pode ser posicionado para se alimentar, podendo entrar e sair livremente da área onde está a mãe passando por baixo da barra.

A coisa mais importante nas primeiras horas de vida é que o poldro consiga ingerir o colostro e que não seja reprimido pela mãe cada vez que se aproxima dela. Também temos que ter cuidado de verfificar que o poldro mame nos dois mamilos e não num só.

Em algumas éguas jovens a rejeição pode ser provocada pelos donos bem-intencionados que interrompem o procedimento de natural comunicação entre a égua e o poldro imediatamente depois de nascimento, no momento em que ela lambe o poldro molhado e inspira o seu cheiro. Este é um momento magico para eles.

 

Mãe adoptiva com o filho dela e um órfão.
photo: P. da Silva

Com uma égua mais velha, não deveria haver problemas e pode-se fazer o imprinting no momento do nascimento.
Durante o periodo em que se faz o imprinting e que dura mais ou menos um quarto de hora, a égua sempre deveria estar à vista do recém-nascido.

O cheiro é importante no processo de união e reconhecimento entre os animais.
Lidando com o gado e as ovelhas, por exemplo, vimos que se pode convencer uma mae a adoptar um órfão se dermos desde o momento do nascimento só o leite da mãe adoptiva. Isto poderia envolver ordenhar a futura mãe adoptiva e alimentar o recem nascido com o seu leite num biberon. Este procedimento dará ao recém nascido o cheiro da mãe adoptiva que o aceitará como se fosse seu.
O papel jogado pelo cheiro das fezes nos cavalos pode às vezes não ser assim tão fundamental, mas vale a pena experimentar, tendo presente que se a mãe adoptiva tiver parido num dia diferente se tem que ordenhar a mãe verdadeira para dar ao poldro o colostro, que só é produzido no dia do parto.

Temos que ter muito cuidado quando pomos pela primeira vez o poldro com a futura mãe adoptiva. Se a égua ficar nervosa poderá tentar de evitar o contacto, correndo na box ou agredindo o poldro. O uso da barra e a ajuda de uma ou duas pessoas para a ter parada enquanto lhe apresentamos o recém nascido é muito importante.

No primeiro dia nunca se deve deixar sozinha a mãe adoptiva com o poldro, quer dizer sem estarem sob a vigilancia de alguem. Não se devem também separar por nenhuma razão, excepto se o processo se revela um fiasco porque a égua não o aceita, demonstrando crescente intolerancia e agressividade.
Se não se incontra uma égua com leite que possa tomar o lugar da mãe verdadeira, pode-se por o poldro com um velho castrado tranquilo e alimentar o poldro artificialmente com um biberon e/ou com um balde.

 

Ter uma area ampla (pelo menos 4m x 4m), limpa e com uma cama alta e confortavel e onde a égua possa parir sozinha é a situação ideal.
Situações de falta de espaço e de promiscuidade podem resultar em estados de stress que levam uma égua sensivel a rejeitar o poldro.
Um campo grande e sem grandes declives, sem valas nem arame farpado também é uma optima solução, mas deve haver espaço suficiente para a égua se poder isolar do resto do grupo.
A égua de ventre não deve ter ferraduras nos ultimos dois meses de gravidança e não deve haver nada na mae ou no box onde o poldro se possa prender um casco ou ficar amarrado de qualquer maneira. Verifique que não haja espaço por baixo da porta onde ele possa enfiar uma patinha, o que provocarla uma fractura no momento em que ele se levantasse.
Pregos, ferros, latas, madeira falhada, são coisas muito perigosas e podem significar cegueira ou graves infecções para um animal que ainda não tem muito equilibrio e que de certezza vai bater muitas vezes contra a porta e contra as paredes.

 


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