A pelagem dos cavalos |
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A pelagem do cavalo é importante para a sua identificação. A sua
grande variedade e tipos leva muitas vezes a grandes confusões e erros. Seria
fastidioso dar grandes esclarecimentos de ordem genética para a sua explicação.
Há pouco tempo numa reunião em que participava fomos confrontados com um trabalho
da Sra. Prof. Dra. Maria do Mar Oom da Faculdade de Ciências de Lisboa em que
abordou de uma maneira simples e clara alguns aspectos deste problema. Assim
e porque achava útil fornecer este conhecimento às pessoas ligadas ao cavalo
vamos com concordância da autora transcrever essas notas.
(por Maria do Mar Oom) Um sistema de classificação adequado e uniforme para as pelagens de equinos e respectivas marcas é extremamente importante em qualquer programa de identificação individual. Para que seja possível aplicar-se uma terminologia correcta a todas as classes de pelagens, dar ênfase às características básicas e bem definidas e minimizar a importância de subtilezas que não podem ser claramente definidas.
Genética e regras gerais na determinação de algumas pelagens
Um esquema da classificação de pelagens pode ser baseado no reconhecimento dos efeitos fenotípicos dos alelos de diversos genes e, com algum treino, poderá uniformemente ser aplicado por qualquer pessoa de modo a definir-se a maioria das pelagens mais comuns em cavalos.
Gene W
Traduz-se na incapacidade de desenvolver qualquer pigmento
na pele e nos pêlos
Este gene e o que se segue o gene (i), são apresentados em primeiro
lugar pois possuem alelos dominantes que ocultam qualquer manifestação de outros
genes de pelagens (epistáticos sobre todos os outros).
É, pois, difícil ou praticamente impossível detectar os outros genes de pelagens
num animal que possua o alelo W, extremamente raro. (tabela 1)
É de chamar a atenção para:
Gene G
Traduz-se na exclusão progressiva do pigmento dos pêlos
com o avanço da idade do animal
Trata-se de um fenómeno semelhante ao que nos humanos, à medida que a idade avança: os cabelos originalmente de diferentes colorações - loiros, castanhos, pretos, ruivos, etc,- vão-se tornando progressivamente brancos, já que o pigmento é impedido de migrar ao longo dos pêlos. Os cavalos que apresentam esta pelagem designam-se por ruços, sendo controlada pelo alelo dominante G, que se exprime sobre qualquer pelagem (tabela 2). É pois difícil fixar a pelagem ruça numa raça, sendo muito fácil irradicá-la.
É de chamar a atenção para:
Gene E
Determina a síntese e disposição de pigmento preto (eumelanina)
nos pêlos
O primeiro passo na definição da pelagem de um equino que não seja branco ou ruço será averiguar se possui pêlos pretos, quer surjam apenas em determinadas regiões do corpo (extremidades dos membros, crina e cauda), quer se trate do único tipo de pêlos existentes, igualmente distribuído por todo o corpo do animal (à excepção das malhas). A existência de pêlos pretos denuncia que o animal possui e alelo dominante E. (tabela 3)
É de chamar a atenção para:
Gene A
Determina o padrão de distribuição dos pelos pretos do
corpo de animal
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A alelo A combinado com o alelo E do gene confinará a existência
de pêlos pretos à extremidade dos membros, crina e cauda, produzindo um cavlo
castanho, nas mais diversas tonalidades (do vermelho quase alaranjado ao castanho
pezenho).
O alelo alternativo, a, raro na maioria das raças nã se restringe a ocorrência
de pêlos pretos a determinadas regiões, pelo que em combinação com alelo, produzirá
cavalos pretos. Nenhum dos alelos deste gene (A e a) afecta pigmento e sua distribuição
em cavalos lazões, pelo que não é possível determinar qual deles está presente
num cavalo com esta pelagem. (tabela 4)
É de chamar a tenção para:
Gene C
Determina a diluição do pigmento
Um alelo deste gene Ccr controla a diluição do pigmento vermelho
(faeomelenina) quando em heterozigotia, tendo pouco ou nenhum efeito sobre o
pigmento preto (eumelaina). Assim, um cavalo castanho torna-se baio pela diluição
do pigmento vermelho do corpo, sem afectar a pigmentação preta da crina, cauda
e extremidades dos membros, e um cavalo lazão torna-se palomino pela diluição
do pigmento vermelho c do corpo em amarelo, sendo a crina e a cauda ainda mais
diluídas por um tom praticamente branco. (tabela 5)
Em homozigotia, o alelo Ccr provoca diluição de ambos os tipos de pigmentos,
ou seja, qualquer tipo de pelagem é diluída para creme muito pálido (cavalos
isabeis).
É de chamar a atenção para:
Tabela 1 |
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Gene |
Alelos |
Genotipo Y Fenotipo |
W |
W
w |
WW- letal (provoca abortos precoces) Ww- cavalo branco, tipicamente sem pigmento na pele e nos pêlos desde a nascença. A pele é rosa, os olhos azuis ou castanhos, e os pêlos completamente brancos. ww- todos os cavalos não brancos, de pigmentação disseminada por todo o corpo. |
Nota:
-Branco x qq pelagem Y 50% brancos
-Branco x branco Y 50% brancos, 25% qq pelagem; 25% inviáveis
Tabela 2 |
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Gene |
Alelos |
Genotipo Y Fenotipo |
G |
G
g |
GG- cavalo ruço, mostrando um progressivo embranquecimento do pêlo com a idade até tornar-se completamente branco, apesar de apresentar qualquer outra pelagem à nascença (deve ser igualmente registada para além da denominação geral de ruço Ex. ruço sobre lazão). A pele apresenta-se sempre pigmentada, seja qual for o avanço do embranquecimento. Gg- igual a GG (cavalo ruço). gg- cavalos não ruços, ou seja, que não evidenciam qualquer tipo de embranquecimento dos pêlos com a idade. |
Nota:
Não é possível saber se um cavalo ruço é homozigótico (GG) ou heterozigótico
(Gg).
Qualquer cavalo ruço te obrigatoriamente de possuir um progenitor ruço.
-Ruço x qq pelagem Y 50% ruço
-Ruço x ruço Y quase todas as pelagens são possíveis.
Tabela 3 |
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Gene |
Alelos |
Genotipo Y Fenotipo |
E |
E
e |
EE- cavalo com possibilidade de formar pigmento preto na pele e no pêlo. Tais pêlos podem apenas localizar-se em determinadas regiões do corpo, ou estar total e uniformemente distribuídos por todo o corpo (cavalos castanhos e ou pretos) Ee- igual a EE. ee- cavalos alazões, com pigmento preto na pele, mas pêlos apenas com pigmento vermelho, de tonalidades diversas. As crinas e a cauda podem ser da mesma cor que os restantes pêlos, mais escuras ou mais claras, mas nunca pretas. |
Nota:
-Lazão x lazão Y 100% lazão.
Tabela 4 |
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Gene |
Alelos |
Genotipo Y Fenotipo |
A |
A
a |
AA- se o cavalo possuir pêlos pretos (E), estes localizam-se apenas em determonadas regiões do corpo (cavalo castanho). A não têm efeito sobre pigmento castanho(CE). Aa- igual a AA. aa- se o cavalo possuir pêlos pretos (E), estes estarão total e uniformemente distribuídos por todo o corpo (cavalo preto).a não tem qualquer efeito sobre o pigmento castanho (ee). |
Nota:
-Preto x preto Y preto (maioria), lazão, palomino e isabel.
Tabela 5 |
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Gene |
Alelos |
Genotipo Y Fenotipo |
C |
C
C(cr) |
CC- cavalo completamente pigmentado (cavalos de pelagem não diluída). Cc(cr)- pigmento vermelho diluído para amarelo. C(cr)C(cr)- ambos os pigmentos são diluídos para creme (cavalo isabel). A pele e os olhos também se encontram diluídos. |
Nota:
Não é possível saber que alelos de outros genes estão presentes num cavalo C(cr)C(cr).
Os cavalos isabeis são tipicamente o produto de dois cavalos de pelagem diluída
(palomionos ou baios).
-Isabel x isabel Y 100% isabel
-Isabel x palomino Y 50% palomino; 50% isabel
-Palomino x isabel Y 100% palomino
-Palomino x palomino Y 25% lazão, 50% palomino; 25% isabel
-Palomino x lazão Y 50% lazão; 50% palomino.
adaptação de Eduardo Gomes
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