Planeta Cavalo


DA IDADE DA PEDRA À CIVILIZAÇÃO

Não sabemos se é uma verdade histórica, mas cartoons e histórias em quadrinhos afirmam que, na pré-história, os homens não aceitavam um “não” como resposta: as mulheres as quais se queria conquistar eram submetidas com uma cacetada de tacape e arrastadas pelos cabelos para a caverna mais próxima.

Alguns milênios mais tarde, os rituais do cortejo humano já estavam mais refinados, e podemos nos referir à imagem do cavalheiro que tira uma dama para dançar, obedecendo a todo um ritual de gestos, olhares e movimentos. Até os dias de hoje, em quase todo o planeta civilizado, ao cavalheiro cabe a iniciativa do convite, enquanto a dama tem o privilégio de aceitar ou de recusar este convite.

Foi dando aula de adestramento que percebi mais um paralelo que pode ser traçado entre a dança e à equitação: o cavaleiro - tanto faz ser homem ou mulher - é como o cavalheiro que manifesta o interesse e convida para a dança, mas para que a mesma se concretize, com elegância e beleza, apenas o desejo do “cavalheiro” não é o bastante. A “dama” - isso mesmo, o cavalo - precisa gostar o bastante do que vê para aceitar o convite, e se entregar à liderança do parceiro em confiança e harmonia.

E mais ainda, ao longo da dança o cavalheiro deve se mostrar à altura de cumprir as promessas. Se é rude e desajeitado, pisando nos pés da parceira; se seus movimentos carecem de ritmo, se há falta de sincronia nas mudanças de velocidade e de direção, certamente a maioria das damas pensará duas vezes antes de voltar a aceitar um convite vindo daquele indivíduo.

É neste ponto que alguns cavaleiros parecem reverter à condição de homens pré-históricos, quando percebem que seus cavalos querem “recusar o convite”, ou que o fazem de má vontade, hesitantes, tensos e atrapalhados. Ao invés de buscarem em si mesmos a origem dos problemas, logo pensam em resolver as coisas na marra - um puxão aqui, um grito ali, chicote e espora acolá. A imagem do primitivo armado de lança e porrete salta aos olhos - e este homem viveu na mesma época em que a única utilidade do cavalo para a humanidade era servir de refeição.

A parábola pode prosseguir desta maneira: se um garoto leva um fora de uma linda garota, e se realmente está a fim de conquistá-la, qual é a atitude inteligente e civilizada a tomar? Provavelmente, aprimorar-se de tal maneira, com aulas de dança e de etiqueta (psicologia feminina e cultura geral também ajudam) que a tal menina passe a achá-lo irresistível ao menor gesto, a um simples olhar.

E vocês, leitores de ambos os sexos: onde se enquadram? Ainda estão nos dias do tacape ou já iniciaram sua jornada de auto-aprimoramento para se tornarem cavaleiros, e cavalheiros, de fato?

Um abraço,
Claudia Leschonski


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