Planeta Cavalo


Desabafo - SUÍNOS E EQÜINOS

Devido aos mistérios das mailing lists, há algum tempo encontrei uma revista sobre suinocultura em minha correspondência; folheando-a, deparei com um artigo que afirmava:

“A engorda de suínos deve atender às cinco principais leis européias, apregoadas pelos Partidos Verdes :

  1. Os animais não devem ser submetidos à fome e à desnutrição;
  2. Não devem ter incômodo físico ou térmico;
  3. Não devem estar sujeitos a instalações que causem lesões físicas ou predisponham a enfermidades;
  4. Os animais não devem estar sujeitos a situações de ansiedade ou stress;
  5. Deve estar preservada a habilidade dos animais em expressar o seu comportamento normal.”

Caro leitor, pausa para reflexão: O seu CAVALO vive de acordo com estas leis, enunciadas para PORCOS ??

A vida de um suíno destinado ao abate dura de seis a nove meses, e a única exigência que dele se faz é ganho diário 700 gramas de peso. Já os cavalos passam muitos anos estabulados nas hípicas, submetidos a demandas físicas e emocionais que por si só fragilizam a saúde dos animais. Somando o manejo incorreto - alimentação concentrada, confinamento intensivo, falta de contato com outros cavalos, mão-de-obra pouco qualificada - está completa a receita para produzir cavalos cujo bem-estar estará sempre comprometido.

Os suinocultores perceberam que o desempenho físico de um animal é muito melhor se forem respeitadas suas exigências emocionais. Sem pretextos sentimentais, os criadores de porcos têm a preocupação puramente econômica de deixar os animais confortáveis. Já na criação e manutenção de cavalos vemos animais submetidos a sofrimentos de todo tipo, muitas vezes sob o pretexto de serem amados pelos seus donos. (Por exemplo: meu cavalo precisa ficar encocheirado para estar sempre bonito e não sujar o pêlo?) Façamos uma auto-análise honesta para descobrir se não estaríamos confundindo “amar meu cavalo” com “amar a mim mesmo”. Qual nossa verdadeira razão para ter cavalos: amor pelo animal ou desejo de auto-representação?

Na Europa e nos EUA, cada vez mais pessoas se recusam a comprar produtos de origem animal não provenientes de condições certificadas “ecologicamente corretas” quanto a manejo e trato dos animais. Por lá também existem pessoas se recusando a frequentar clubes hípicos e escolas de equitação onde os cavalos sejam sujeitos ao velho esquema de 24 horas diárias de estabulação. Já pensou se a moda pega por aqui?

É discutível se a espécie suína é mais evoluída do que a equina. Entretanto, o equinocultor está correndo sério risco de perder a corrida evolutiva para o suinocultor...

Um abraço,
Claudia Leschonski

Agradecimentos à Revista Suinocultura Industrial, pela citação do artigo “Deep Bedding” de Luciano Roppa (no. 143, pg. 16)


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