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   Associação para a Difusão do Candomblé Última atualização: 29/7/2001
 


 A.DI.CA.    CANDOMBLÉ
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 Uma festa de Candomblé




 
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UMA FESTA DE CANDOMBLÉ    


   Os candomblé são marcados pela vivacidade de suas festas. São os batuques que atravessam as madrugadas. As danças e ritmos cadenciados. As evoluções ao som dos atabaques e dos agogôs. São os requebros e volteios vertiginosos dos bailarinos, as exuberantes coreografias, exóticas em sua combinação de movimentos, sons e cores.
Esse aspecto se impõe de tal modo que somos às vezes levados a esquecer a faina prosaica que é o dia-a-dia dos cultos afro-brasileiros.

   Aos olhos das pessoas acostumadas a formas mais contidas de piedade parecerá, sempre, pouco crível que se trate, no caso, de manifestações litúrgicas dignas desse nome. As críticas quanto a isso são antigas e se repetem de há muito tempo. Os "cidadãos pacados", a "gente de bem" têm o sono leve e tendem, sempre, a incomodar-se com essas manifestações. Suportam mal essas vozes d'África, impertinentes lembretes de uma heterogeneidade que perpassa todos os domínios, físicos, intelectuais (culturais), afetivos, sociais e, sobretudo, religiosos (leia-se morais). Os mais incomodados murmuran. Às vezes chamam a polícia, hoje como nos tempos de Nina Rodrigues.

   A perspectiva malévola é o resultado de uma visão de quem fala na terceira pessoa. Quem vai aos candomblés, entretanto, vê outra coisa.
Basta assistir a uma dessas grandes festas públicas que são as saídas-de-iaô. Verá o povo-de-santo falando de si mesmo na primeira pessoa. Assistirá a um evento humano paradigmático. Talvez não lhe seja dado alcançar plenamente os significados e as implicações dessa história do candomblé, sobre o candomblé e para o candomblé, encenada diante dele. Não deixará, no entanto, de sofrer a profunda impressão causada pelo rebuscamento e esplendor dessa liturgia. Poderá esquecer os detalhes do ritual, mas saberá, doravante, como se festeja no candomblé o nascimento de um novo filho-de-santo. E, talvez, lhe venha a vontade de saber o que, propriamente, significa a cerimônia do orúko. Quando isso acontecer, estará prestes a empreender uma etnografia.

 
               (Vogel, A., Mello, M.A. Da Silva, Barros, J.F. Pessoa De,
A Galinha-d'angola. Iniciação e Identidade na Cultura Afro-Brasileira,
Pallas, Rio de Janeiro, 1993)



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