Sigo olhando adiante...
Sentindo o vento no rosto...
O calor escorrendo dos olhos...
Como ondas roubadas do velho mar...
Meus olhos de tao tristes...
Enxergam, vitreos, frios, cortantes...
Apenas a fluida visao ondulante...
no horizonte do nada azul...
Quero esquecer, mas nao posso...
Nao quero me desligar...
Quero estar lá naquele nada...
Do que ja foi e nao mais sera...
Quero a beleza esvanecida do que já vi...
Quero a certeza iludida do que já sei...
Quero a alegria sem razao do que já vivi...
Quero a amplidao sem medida do que sentirei...
Quero esse azul e esse verde mar...
Quero esse sal e o amargor da dúvida...
Quero estar sem precisar ficar... Quero a doçura da prata lua...
Ah, loucura de luz sem pudor!
Que me atrai pr'esse abismo de agonia e dor...
E na queda me envolvem a girar... Olhos, palavras, promessas... Pensar? nem pensar!
Tudo embriaga tudo seduz...
Tudo em mim e por mim...
Por que te procuro, ó abismo?
Ó luz! ai de mim... ai de mim...