Il Convivio

A. IV n. 3
Luglio - Settembre 2003

A voz do poema
Costumavam falar de ti, neste lado do
universo, onde ainda existe o mar, neste
preciso tempo, neste preciso lugar.
 
Hoje as cicatrizes já não reunem
a luz, a aurora e o caos, de quem ama
e acredita que não morre o sol, de que sou
o reflexo, a grafia áspera do lugar.
Mesmo que digam que a areia esconde
as pegadas das tuas sandálias pretas, os
livros estão secos, os corpos estão secos e
os sonhos vertebrados. Um traço mínimo nas
coxas da imortalidade, sobre as águas de
onde brotam as pedras inteiras.

É a água que acende a memória do corpo e
aviva entre boca e boca o marfim mais breve,
entre rochas, sexos, corpos, luz, orvalho e
o ar em volta das rugas da tua imagem, é
a água generosa, ignorada e aberta
à ironia atravessada do todo.

E o corpo cada vez mais corpo.
Dar às águas o eco da terra e
à terra a voz do poema.