Os quatro anos: |
Se aos três anos corresponde o acabamento da criação, aos quatro
corresponde o começo do trabalho. É uma fase em que os cavalos jovens evoluem
geralmente em todos os aspectos. Fisicamente, sem serem ainda os atletas feitos
dos sete ou oito anos, também já não são os poldrinhos muitas vezes desproporcionados
aos três. É uma fase de grande mudança até no próprio trabalho, que é sempre
consequência de tudo o resto.
Num poldro desbastado no fim da fase dos três anos, ou no princípio dos quatro,
alguns meses mais tarde é possível verificar-se mudanças espantosas. É evidente
que cada cavalo é um caso, e as generalidades são sempre e só, teorias. Como
me parece evidente que se trata de animais bem criados, são animais que não
passaram demasiadas carências e que a sua chegada à cavalariça não constituiu
o primeiro contacto com "comida" digna desse nome. Só assim é possível que um
animal de quatro anos tenha a capacidade atlética mínima para começar a trabalhar.
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Neste ponto, as opiniões e as teorias dividem-se muitas vezes em posições antagónicas. Uns defendem que aos quatro os cavalos são ainda demasiado jovens, e verdes em todos os aspectos, para lhes ser pedido qualquer trabalho. Outros defendem que não é assim, e que há cavalos que suportam perfeitamente o trabalho com essa idade, evoluindo sem problemas. Mas parece que numa posição intermédia é que se situa o equilíbrio.
Mais uma vez não existem receitas infalíveis. É sempre o tacto equestre (que também é feito de bom senso) que decide. Se um cavalo de quatro anos está ainda longe da maturidade adulta, mas se está bem criado, já tem o mínimo de condições físicas para o começo do trabalho. Não encontro razão nenhuma (em animais saudáveis) para que assim que estejam desbastados não comecem a evoluir no trabalho. Normalmente até é uma fase fácil, porque um cavalo bem desbastado, que conheça os três andamentos, que se desloque para a frente, em círculos, e mude de direcção com facilidade, assim como conheça as transições entre os andamentos, não tem desculpas para não evoluir.
Um cavalo neste estádio de trabalho, montado regularmente, em que o cavaleiro respeite a progressão de sempre, que é a procura de mais cadência e de mais rassembler, numa progressão que parte mais do horizontal dos equilíbrios para a concentração dos animais com maturidade, tem obrigação de avançar.
José Manuel Correia Lopes
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